UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS
LEONARDO RIOS DINIZ
FADIGA EM PACIENTES DA COORTE BRASÍLIA DE ARTRITE
REUMATOIDE (AR) - ESTUDO DA PREVALÊNCIA E COMPARAÇÃO
ENTRE DIFERENTES INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre em Ciências
Médicas pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciências Médicas da Universidade de Brasília.
Orientadora: Dra Licia Maria Henrique da Mota
BRASÍLIA
2016
ii
Rios Diniz, Leonardo Fadiga em pacientes da coorte Brasília deartrite reumatoide (AR) - Estudo da prevalência e comparação entrediferentes instrumentos de avaliação. / Leonardo Rios Diniz;orientador Licia Maria Henrique da Mota. -- Brasília, 2016. 164 p.Dissertação (Mestrado - Mestrado em Ciências Médicas) --Universidade de Brasília, 2016. 1. Artrite reumatoide. 2. Brasil.3. Fadiga. 4.Incapacidade. 5. Questionários. I. Henrique da Mota,Licia Maria, orient. II. Título.
iii
LEONARDO RIOS DINIZ
Fadiga em pacientes da coorte Brasília de artrite reumatoide(AR) - Estudo da
prevalência e comparação entre diferentes instrumentos deavaliação
Dissertação apresentada como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas pelo
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da
Universidade de Brasília.
Data de defesa da dissertação
18 de maio de 2016
BANCA EXAMINADORA
Dra Licia Maria Henrqiue da Mota (Presidente)
Universidade de Brasília
Prof. Dr. Leopoldo Luiz dos Santos Neto
Universidade de Brasília
Prof. Dr. Fellipe Amatuzzi Teixeira
Universidade de Brasília
Prof. Dra. Aline Teixeira Alves (suplente)
Universidade de Brasília
iv
Dedico este trabalho às minhas filhas, Gabriela Paula eRafaela.
v
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Dra Licia Maria Henrique da Mota, cuja
dedicação ao trabalho e à família são fonte constante deinspiração; pelo
incentivo, confiança e amizade depositada em mim.
Ao Prof. Dr. Leopoldo Luiz dos Santos Neto, por nos ensinar
a ser profissionais e seres humanos melhores todos os dias; epor me
incentivar a buscar o conhecimento incessantemente.
À Angélica Campos Rafael, minha grande amiga e sócia, com
quem dividi momentos bons e ruins durante todos esses anosde
profissão; a quem devo o incentivo para seguir sempre em frentee que,
mesmo com todas as dificuldades, fez-me entender que sempretemos
motivos para sorrir.
Ao amigo Wagner Rodrigues Martins pelo incentivo à
pesquisa e à docência, mais ainda pela amizade e parceria nosúltimos
10 anos.
Aos colegas Sandor Bálsamo, Talita Yokoy e Dra Luciana
Feitosa Muniz pela ajuda na coleta dos dados e incentivoconstante na
condução da pesquisa.
Aos pacientes do ambulatório de Artrite Reumatoide Inicialdo
Hospital Universitário de Brasília por consentir e colaborar comeste
trabalho.
vi
À Bianca Ramos Mee do Nascimento, por ter sido minha
companheira mais fiel, por ter estado ao meu lado, suportadoe
incentivado todos os dias nesses 10 anos em que estivemosjuntos, e por
ter nos proporcionado a alegria de uma filha.
À Lilyan Caixeta Xavier, por me mostrar novos caminhos e
perspectivas, por acrescentar muito à minha vida em tão poucotempo.
Aos meus pais, Alcides e Ana Maria, que sempre pregaram
responsabilidade, comprometimento, honestidade e trabalhopara
alcançarmos nossos objetivos; e que muitas vezes abriram mão deseus
interesses pela educação e formação dos filhos.
A todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram
para a conclusão deste trabalho.
A Deus que sempre me mostrou como perdoar e seguir em
frente; a me ensinar a enxergar as oportunidades que Ele
incessantemente colocou na minha vida, não importa o quão cegoeu
estivesse.
vii
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente,
mas o que melhor se adapta às mudanças.”
Charles Robert Darwin
viii
RESUMO
Introdução: A fadiga na AR é considerada como um sintomaextraarticular
multidimensional comum e incapacitante, relatado entre 40 e 80%dos pacientes e
historicamente pouca atenção tinha sido dada ao sintoma devidoprovavelmente à
falta de consenso na definição do que é fadiga, e à falta de umagente etiológico
específico. Além disso, existe a dificuldade para acaracterização e diferenciação das
expressões utilizadas pelos indivíduos para descrever a fadiga eos demais sintomas,
especialmente em países com grande extensão territorial e queapresentam grande
diversidade cultural em sua população.
Objetivos: 1) Avaliar a prevalência da fadiga nos pacientes daCoorte Brasília de AR;
2) Determinar a associação entre a ocorrência de fadiga evariáveis epidemiológicas
e clínicas da doença, com o uso dos seguintes instrumentos: a)Dimensão de
Vitalidade do questionário SF-36 (Medical Outcomes Study ShortForm 36); b) Perfil
dos estados de humor – POMS (Profile of Mood States) dimensão defadiga; c) Escala
de avaliação multidimensional da fadiga – MAF (MultidimensionalAssessment of
Fatigue Scale); d) Escala de severidade da fadiga – FSS (FatigueSeveritiy Scale); e)
Questionário Bristol multidimensional de fadiga na artritereumatoide BRAF-MDQ
(Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue MultidimensionalQuestionnaire); f) Escala
numérica do questionário Bristol multidimensional de fadiga naartrite reumatoide
BRAF-NRS (Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue Numerical RatingScales for Severity,
Effect and Coping); g) Escala Visual Análoga de fadiga (EVAfad);h) Questionário de
avaliação funcional da terapia de doenças crônicas – fadigaFACIT-F (Functional
Assessment of Chronic Illness Therapy Fatigue Scale); 3)Comparar o desempenho
dos diferentes instrumentos de avaliação de acordo com o grau defadiga nessa
população; 4) Medir o grau de similaridade entre os instrumentosde avaliação da
fadiga.
Pacientes e Métodos: Foram coletados dados socioeconômicosdemográficos e
clínicos de uma amostra de conveniência de 80 pacientesacompanhados
regularmente na coorte Brasília de AR do Hospital Universitáriode Brasília. Avaliou-
se a fadiga com os instrumentos supracitados e aplicou-se aregressão linear múltipla
para determinar a associação da fadiga com as variáveiscoletadas (nível de
significância de 5%). Então, foram divididos em 3 grupos deacordo com o grau de
ix
fadiga avaliado pela Escava Visual Análoga de Fadiga (EVAfad):Grupo 1 – EVAfad
de 0 a 2; Grupo 2 – EVAfad de 2,1 a 5; e, Grupo 3 – EVAfad de5,1 a 10. A seguir, foi
executada nova regressão linear múltipla, para se avaliar odesempenho de cada
instrumento de acordo com grau de fadiga observado em cadagrupo.
Resultados: A idade média foi de 49 anos, com predomínio emmulheres (87,5%)
pardas (56,3%). O tempo médio de doença foi de 5 anos e ospacientes
apresentavam, na média, baixo nível de atividade da doença(DAS28 = 2,79) e com
pouca ou nenhuma incapacidade (HAQ = 0,92). A prevalência dafadiga (EVAfad >2)
foi de 71,25%, com correlação constante com a incapacidade eidade em quase todos
os instrumentos utilizados.
Conclusão: A fadiga é um sintoma prevalente na coorte Brasíliade AR, acometendo
ao menos 71,25% dessa população. Os instrumentos utilizadosapresentaram bom
desempenho na avaliação da fadiga, exceto FSS e BRAF-NRS queexplicaram menos
de 30% da fadiga. O questionário FACIT-F apresentou boasensibilidade na avaliação
geral e dos grupos de fadiga. Os instrumentos SF36 vitalidade,POMS fadiga e FSS
têm maior sensibilidade em indivíduos com níveis baixos defadiga; o instrumento
MAF-GFI tem maior sensibilidade nos indivíduos com fadiga deleve a moderada; e o
FACIT-F no grupo de fadiga severa.
Palavras-chave: Artrite reumatoide, Brasil, fadiga,incapacidade, questionários.
x
ABSTRACT
Introduction: Fatigue in Rheumatoid Arthritis is considered acommon, disabling
multidimensional extraarticular symptom, reported between 40 and80% of the
patients, and historically little attention has been paid to itprobably due to the lack of
a consensus on the definition of fatigue and/ or the lack of adefined etiology. In
addition, the individuals have difficulty to characterize anddifferentiate the expressions
to describe fatigue, especially in country with largeterritorial extension and with great
cultural diversity.
Objectives: 1) Assess the prevalence of fatigue among thepatients of the Brasília
cohort of RA; 2) Determine the association between fatigue andthe clinical and
epidemiological variables of the disease, by using thequestionnaires: Medical
Outcomes Study Short Form 36 vitality scale (SF36); b) Profileof Mood States (POMS)
fatigue scale; c) Multidimensional Assessment of Fatigue Scale(MAF); d) Fatigue
Severity Scale (FSS); e) Bristol Rheumatoid Arthritis FatigueMultidimensional
Questionnaire (BRAF-MDQ); f) Bristol Rheumatoid ArthritisFatigue Numerical Rating
Scales for Severity, Effect and Coping (BRAF-NRS); g) VisualAnalog Scale of fatigue
(VAS fatigue); h) Functional Assessment of Chronic IllnessTherapy Fatigue Scale
(FACIT-F); 3) Compare the results of the different instrumentsaccording to the fatigue
degree; 4) Assess the similarity of the instruments in assessingfatigue.
Patients and Methods: Socioeconomic, demographic and clinicaldata were collected
from a convenience sample of 80 patients regularly followed atthe Brasília cohort of
RA of the University Hospital of Brasília. Fatigue as assessedwith the aforementioned
instruments and a multiple linear regression was conducted todetermine the
association between fatigue and the variables (5% level ofsignificance). The sample
was separated in three groups, according to the level of fatigueassessed by the VAS
fatigue: Group 1 – VAS fatigue score 0 - 2; Group 2 – VASfatigue score 2.1 - 5; and,
Group 3 – VAS fatigue score 5.1 - 10. Then, a multiple linearregression was conducted
to assess the performance of each instrument, observing theseverity of fatigue.
Results: Mean age was 49 years with prevalence of women (87.5%)and brown
skinned (56.3%). The mean time of disease was 5 years and thepatients a low level
of disease activity (DAS28 = 2.79) and none or little disabilitylevel (HAQ = 0.92). The
xi
prevalence of fatigue (VAS fatigue >2) was of 71.25%, withcorrelation with disability
and age (negative correlation) in almost all questionnaires.
Conclusion: Fatigue is a prevalent symptom in the Brasíliacohort of RA, affecting at
least 71.25% of this population. The instruments used to assessfatigue presented
good performance, except for the FSS and BRAF-NRS that explainedless than 30%
of the fatigue. The FACIT-F questionnaire presented goodsensibility when assessing
the groups separately. The SF36 vitality, POMS fatigue and FSSpresented greater
sensibility when assessing individuals with low level offatigue; the MAF-GFI performed
better when assessing individual with moderate fatigue; and theFACIT-F performed
better when assessing the severe fatigue group.
Keywords: Brazil, disability, fatigue, questionnaires,rheumatoid arthritis.
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Modelo hierárquico para associação da fadiga com asvariáveis da doença
.........38
Tabela 2 – Características demográficas dos pacientes da CoorteBrasília de AR
.........47
Tabela 3 – Ocupações dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo
.........49
Tabela 4 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 1(sem fadiga clínica relevante, EVAfad ≤2) da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........50
Tabela 5 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 2(fadiga de leve a moderada, EVAfad >2 e ≤5) da Coorte Brasíliade AR avaliados no estudo.
.........51
Tabela 6 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 3(fadiga severa, EVAfad ≥5,1) da Coorte Brasília de AR avaliados noestudo.
.........51
Tabela 7 – Valores das variáveis clínicas coletadas dospacientes da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo
.........52
Tabela 8 – Valores das variáveis clínicas coletadas dospacientes da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo, segundo adivisão por grupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad>2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad ≥5,1)
.........55
Tabela 9 – Distribuição da Classe Funcional dos pacientes daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........56
Tabela 10 - Distribuição da Classe Funcional dos pacientes daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão porgrupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5;Grupo 3 – EVAfad ≥5,1)
.........56
Tabela 11 – Frequência de distribuição do número demanifestações extraarticulares, comorbidades e avaliação subjetivade saúde dos pacientes da Coorte Brasília de AR avaliados noestudo.
.........57
Tabela 12 - Frequência de distribuição do número demanifestações extraarticulares, comorbidades e avaliação subjetivade saúde dos pacientes da Coorte Brasília de AR avaliados noestudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad ≥5,1)
.........58
Tabela 13 – Escores por domínio do questionário SF36 dospacientes da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........58
Tabela 14 – Escores por domínio do questionário SF36 dospacientes da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo, segundo adivisão por grupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad>2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad ≥5,1)
.........59
Tabela 15 – Escores do instrumento EVAfad dos pacientes daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão porgrupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5;Grupo 3 – EVAfad ≥5,1).
.........60
xiii
Tabela 16 – Escores do questionário POMS dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo.
.........60
Tabela 17 – Escores do questionário POMS dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão por grupos defadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 –EVAfad ≥5,1).
.........61
Tabela 18 – Escores do questionário MAF dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo.
.........61
Tabela 19 – Escores do questionário MAF dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão por grupos defadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 –EVAfad ≥5,1).
.........61
Tabela 20 – Escores do instrumento FSS dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão por grupos defadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 –EVAfad ≥5,1).
.........62
Tabela 21 – Escores do questionário BRAF-MDQ dos pacientes daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........62
Tabela 22 – Escores do questionário BRAF-MDQ dos pacientes daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão porgrupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5;Grupo 3 – EVAfad ≥5,1).
.........63
Tabela 23 – Escores da escala BRAF-NRS dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo.
.........63
Tabela 24 – Escores da escala BRAF-NRS dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão por grupos defadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 –EVAfad ≥5,1).
.........63
Tabela 25 – Escores do questionário FACIT dos pacientes daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........64
Tabela 26 – Escores por domínio do questionário FACIT dospacientes da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo, segundo adivisão por grupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad>2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad ≥5,1).
.........64
Tabela 27 – Análise de correlação do questionário SF36vitalidade com as variáveis independentes dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo.
.........65
Tabela 28 – Análise de correlação do questionário SF36vitalidade com as variáveis independentes dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo, segundo a divisão por grupos defadiga (Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 –EVAfad ≥5,1).
.........65
Tabela 29 – Análise de correlação do questionário SF36vitalidade com os domínios dos outros questionários dos pacientesda Coorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........66
Tabela 30 – Análise de correlação da escala EVAfad com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........66
xiv
Tabela 31 – Análise de correlação da escala EVAfad com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad≥5,1).
.........67
Tabela 32 – Análise de correlação da escala EVAfad com osdomínios dos outros questionários dos pacientes da Coorte Brasíliade AR avaliados no estudo.
.........67
Tabela 33 – Análise de correlação da escala POMS fadiga com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........68
Tabela 34 – Análise de correlação da escala POMS fadiga com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad≥5,1).
.........68
Tabela 35 – Análise de correlação da escala POMS fadiga com osdomínios dos outros questionários dos pacientes da Coorte Brasíliade AR avaliados no estudo.
.........68
Tabela 36 – Análise de correlação do questinário MAF-GFI com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........69
Tabela 37 – Análise de correlação do questionário MAF-GFI com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad≥5,1).
.........69
Tabela 38 – Análise de correlação do questionário MAF-GFI com osdomínios dos outros questionários dos pacientes da Coorte Brasíliade AR avaliados no estudo.
.........70
Tabela 39 – Análise de correlação da escala FSS com as variáveisindependentes dos pacientes da Coorte Brasília de AR avaliados noestudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo 1 – EVAfad≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad ≥5,1).
.........71
Tabela 40 – Análise de correlação da escala FSS com os domíniosdos outros questionários dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........71
Tabela 41 – Análise de correlação do questionário BRAF-MDQ comas variáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad≥5,1).
.........72
Tabela 42 – Análise de correlação do questionário BRAF-MDQ comos domínios dos outros questionários dos pacientes da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo.
.........72
Tabela 43 – Análise de correlação da escala BRAF-NRS severidadecom as variáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília deAR avaliados no estudo, segundo a divisão por grupos de fadiga(Grupo 1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad≥5,1).
.........73
xv
Tabela 44 – Análise de correlação da escala BRAF-NRS com osdomínios dos outros questionários dos pacientes da Coorte Brasíliade AR avaliados no estudo.
.........73
Tabela 45 – Análise de correlação do questionário FACIT-F com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........73
Tabela 46 – Análise de correlação do questionário FACIT-F com asvariáveis independentes dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo, segundo a divisão por grupos de fadiga (Grupo1 – EVAfad ≤2; Grupo 2 – EVAfad >2 e ≤5; Grupo 3 – EVAfad≥5,1).
.........74
Tabela 47 – Análise de correlação do questionário FACIT-F com osdomínios dos outros questionários dos pacientes da Coorte Brasíliade AR avaliados no estudo.
.........74
Tabela 48 – Resultados dos instrumentos utilizados para aavaliação da fadiga dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo.
.........75
Tabela 49 – Resultados dos instrumentos utilizados para aavaliação da fadiga dos pacientes do Grupo 1 (EVAfad ≤2) da CoorteBrasília de AR avaliados no estudo.
.........76
Tabela 50 – Resultados dos instrumentos utilizados para aavaliação da fadiga dos pacientes do Grupo 2 (EVAfad >2 ≤5) daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........76
Tabela 51 – Resultados dos instrumentos utilizados para aavaliação da fadiga dos pacientes do Grupo 3 (EVAfad ≥5,1) daCoorte Brasília de AR avaliados no estudo.
.........77
Tabela 52 – Dados dos estudos que avaliaram fadiga em pacientescom AR inicial.
.........80
Tabela 53 - Dados dos estudos que avaliaram fadiga com oinstrumento FACIT-F
.........83
Tabela 54 – Dados dos estudos que avaliaram fadiga com oinstrumento POMS fadiga
.........85
Tabela 55 – Dados dos estudos que avaliaram fadiga com oinstrumento EVA fadiga
.........91
Tabela 56 – Dados dos estudos que avaliaram fadiga com oinstrumento MAF-GFI
.........91
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACR – American College of Rheumatology
ANOVA – Analisys of Variance
AR – Artrite Reumatoide
AVDs – Atividades de Vida Diária
BRAF-MDQ – Bristol Rheumatoid Arthritis FatigueMulti-Dimensional Questionnaire
BRAF-NRS – Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue Numeric RatingScale
CDAI – Índice Clínico de Atividade da Doença
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa
CEP-FM – Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade deMedicina
DALYs - Disability-adjusted life-years
DAS28 – Escore de atividade da doença 28 articulações
DP – Desvio Padrão
EULAR – European League Against Rheumatism
EVA – Escala Visual Análoga
EVAfad – Escala Visual Análoga de Fadiga
EVAmed – Escala Visual Análoga de avaliação global do médico
EVApac – Escala Visual Análoga de avaliação global dopaciente
FACIT – Functional Assessment Chronic Illness Therapy
FACIT-F – Functional Assessment Chronic Illness TherapyFatigue
FGV – Fundação Getúlio Vargas
FSS – Fatigue Severity Scale
HAQ – Health Assessment Questionnaire
HIV/AIDS – Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome daimunodeficiência
adquirida
HUB – Hospital Universitário de Brasília
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMC – Índice de Massa Corporal
MAF – Multidimensional Assessment of Fatigue
MAF-GFI – Multidimensional Assessment of Fatigue Global FatigueIndex
MFI-20 – Multidimensional Fatigue Inventory 20 itens
MMCD – Medicamentos Modificadores do Curso da Doença
xvii
NRS – Numeric Rating Scale
OMERACT – Outcome Measures in Rheumatology Clinical Trials
PCR – Proteína C-Reativa
POMS – Profile of Mood States
SDAI – Índice simplificado de atividade da doença
SF36 – Medical Outcomes Study Short Form 36
SM – Salário Mínimo
T4 - Tiroxina
TSH – Hormônio Tireoestimulante
UnB – Universidade de Brasília
VHS – Velocidade de Hemossedimentação
See AlsoData Science para Negócios by Tom Fawcett Foster Provost [Fawcett, Tom] (z-lib.org) [PDF] | Online Book ShareCapitulo 1-2 estatistica descritiva 2022.1 lagp da PedraPortal de Programas de Pós-Graduação (UFPA)(PDF) SISTEMA FUZZY APLICADO À ALOCAÇÃO DE RECURSOS DE …abricom.org.br/wp-content/uploads/sites/4/2016/07/vol13-no1-art2.pdf · e-mails: diegoabrahao@outlook.com e flavio@eee.ufg.br - DOKUMEN.TIPSxviii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....22
1.1. ARTRITE REUMATOIDE .....22
1.2. ARTRITE REUMATOIDE INICIAL .....23
1.3. FADIGA .....25
1.3.1. Fadiga e Artrite Reumatoide .....26
2. JUSTIFICATIVA .....34
3. OBJETIVOS .....35
3.1 OBJETIVOS GERAIS .....35
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .....35
4. PACIENTES E MÉTODOS .....36
4.1 TIPO DE ESTUDO .....36
4.2 LOCAL DO ESTUDO .....36
4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO .....36
4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO .....36
4.5 SELEÇÃO DOS PACIENTES E DURAÇÃO DO ESTUDO .....37
4.6 PARÂMETROS AVALIADOS E FORMA DE AVALIAÇÃO .....37
4.6.1 Bloco Demográfico .....39
4.6.2 Bloco Socioeconômico .....39
4.6.3 Bloco Saúde .....40
4.6.4 Bloco Avaliação Subjetiva de Saúde .....43
4.7 AVALIAÇÃO DA FADIGA .....43
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA .....45
4.9 ASPECTOS ÉTICOS .....46
5. RESULTADOS .....47
5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS .....47
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS .....52
5.3 AVALIAÇÃO DA FADIGA .....58
5.3.1 Medical Outcomes Study Short Form 36 – SF36 .....58
5.3.2 Escala Visual Análoga de Fadiga - EVAfad .....59
5.3.3 Perfil de Estados de Humor – POMS (Profile of MoodStates)
.....60
xix
5.3.4 Questionário de Avaliação Multidimensional da
Fadiga – MAF .....61
5.3.5 Escala de Severidade da Fadiga – FSS .....62
5.3.6 Questionário Multidimensional Bristol – BRAF-MDQ.....62
5.3.7 Escala Numérica Bristol – BRAF-NRS .....63
5.3.8 Questionário FACIT de Fadiga – FACIT-F .....64
5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .....64
5.4.1 Questionário SF36 vitalidade .....65
5.4.2 Questionário EVA fadiga .....66
5.4.3 Questionário POMS fadiga .....67
5.4.4 Questionário MAF-GFI .....69
5.4.5 Questionário FSS .....70
5.4.6 Questionário BRAF-MDQ .....71
5.4.7 Questionário BRAF-NRS .....72
5.4.8 Questionário FACIT-F .....73
6. DISCUSSÃO .....78
6.1 ESTUDOS COM AR INICIAL .....79
6.2 BRAF-MDQ e BRAF-NRS .....81
6.3 FACIT-F .....82
6.4 SF36 vitalidade .....84
6.5 POMS fadiga .....85
6.6 FSS .....86
6.7 EVA fadiga .....86
6.8 MAF-GFI .....88
6.9 COMPARAÇÃO ENTRE OS INSTRUMENTOS .....92
6.10 CONSIDERAÇÕES GERAIS E LIMITAÇÕES .....92
7. CONCLUSÕES .....95
7.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS .....95
7.2 INSTRUMENTOS DE FADIGA EM TODA AMOSTRAGEM .....95
7.3 INSTRUMENTOS DE FADIGA POR GRUPOS DE FADIGA .....96
8. ARTIGOS PUBLICADOS, SUBMETIDOS E COMUNICAÇÕES EM
CONGRESSOS .....97
8.1 ARTIGOS PUBLICADOS .....97
xx
8.2 ARTIGOS SUBMETIDOS .....97
8.3 RESUMOS PUBLICADOS EM CONGRESSOS .....97
9. REFERÊNCIAS ...100
APÊNDICE I – RESULTADOS DAS CARACTERÍSTICAS
DEMOGRÁFICAS ...109
APÊNDICE II – RESULTADOS DAS VARIÁVEIS CLÍNICAS ...112
APÊNDICE III – RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO SF36 ...115
APÊNDICE IV – RESULTADOS DA ESCALA EVAfad ...117
APÊNDICE V – RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO POMS ...118
APÊNDICE VI – RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO MAF ...119
APÊNDICE VII – RESULTADOS DA ESCALA FSS ...120
APÊNDICE VIII – RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO BRAF-MDQ ...121
APÊNDICE IX – RESULTADOS DA ESCALA BRAF-NRS ...122
APÊNDICE X – RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO FACIT ...123
ANEXO I – ROTINA PARA TRATAMENTO DE PACIENTES COM
DIAGNÓSTICO DE ARTRITE REUMATOIDE, ACOMPANHADOS
NA COORTE BRASÍLIA DE ARTRITE REUMATOIDE
...125
ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...138
ANEXO III - CONTAGEM DAS ARTICULAÇÕES DOLORIDAS E
INFLAMADAS (28 ARTICULAÇÕES) ...140
ANEXO IV – ESCALAS VISUAIS ANÁLOGAS ...141
ANEXO V - QUESTIONÁRIO DE CAPACIDADE FUNCIONAL – HAQ ...142
ANEXO VI - VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE
QUALIDADE DE VIDA – SF-36 ...143
ANEXO VII – DAS28 ...146
ANEXO VIII - VALORES DE REFERÊNCIA PARA A AVALIAÇÃO DO
IMPACTO E ATIVIDADE DA AR. ...147
ANEXO IX - PERFIL DE ESTADOS DE HUMOR – POMS ...148
ANEXO X - QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL
DO CANSAÇO ...150
ANEXO XI - ESCALA DE SEVERIDADE DA FADIGA ...154
xxi
ANEXO XII - QUESTIONÁRIO MULTIDIMENSIONAL DE BRISTOL
SOBRE A FADIGA EM PACIENTES COM ARTRITE
REUMATOIDE (BRAF-MDQ)
...155
ANEXO XIII - ESCALAS DE CLASSIFICAÇÃO NUMÉRICA DE BRISTOL
SOBRE A FADIGA EM PACIENTES COM ARTRITE
REUMATOIDE - (BRAF-NRS)
...157
ANEXO XIV - ESCALA VISUAL ANÁLOGA DE FADIGA ...158
ANEXO XV - FACIT-F (VERSÃO 4) ...159
ANEXO XVI – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA
EM PESQUISA EM SERES HUMANOS ...162
ANEXO XVII - FREQUÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO DAS
MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES, COMORBIDADES E
AVALIAÇÃO SUBJETIVA DE SAÚDE.
...163
22
1. INTRODUÇÃO
1.1. ARTRITE REUMATOIDE
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônicaautoimune,
sistêmica e progressiva que acomete principalmente asarticulações sinoviais,
provoca dor e edema articular, podendo ocasionar destruiçãoóssea e cartilaginosa.
Ela pode se apresentar de modo leve e insidioso, ou de formagrave, ocasionando,
nesses casos, severa incapacidade e mortalidade prematura. Alémdisso, pode haver
acometimento extra-articular, rins, pulmões e coração. (1 –3)
A AR tem uma prevalência que varia entre 0,5 e 1% da populaçãomundial,
ocorrendo em todos os grupos étnicos, com predomínio em mulheres(3-4:1) e com
maior incidência na faixa etária entre 40 e 60 anos. O estudomulticêntrico de Marques
Neto et al. mostrou uma variação entre 0,2% (região Sul) e 1%(região Norte) no Brasil.
(4-5)
Trata-se de uma doença musculoesquelética de importante impactona
qualidade de vida, dada a sua morbimortalidade, afetando emgraus variados a
independência da maioria dos pacientes para as atividadessociais, de lazer e
profissionais. O último relatório de impacto global da doençamostra um aumento de
44% no número de anos vividos e perdidos com incapacidade(Disability-adjusted life-
years – DALYs), desconsiderando-se as manifestaçõesextra-articulares. Esse
aumento pode estar associado à melhoria dos métodos de avaliaçãoe também ao
envelhecimento populacional, o que determina o aumento do númerode indivíduos
acometidos pela doença. (6)
Uma vez que não existe um agente etiológico definido, presençade sintoma
patognomônico ou achado laboratorial específico que definaclaramente a doença, o
diagnóstico é baseado num conjunto de sinais e sintomas clínicosassociados a
achados laboratoriais e radiográficos.
O American College of Rheumatoolgy (ACR) aprimorou oscritérios
classificatórios em 1987 (7), com o objetivo de aumentar asensibilidade e
especifidade no diagnóstico da AR e esses critérios foram eainda são utilizados
23
extensivamente. Contudo, num esforço coletivo, o ACR e aEuropean League Against
Rheumatism (EULAR), em 2010, revisaram os critérios de 1987 paraaumentar a
sensibilidade na identificação da doença em seu estágio inicial.Esses critérios são
baseados na presença confirmada de sinovite em pelo menos 1articulação, ausência
de uma alternativa diagnóstica que melhor explique essasinovite, e um escore total
≥6 (de 10 possíveis) no escore individual dos seguintesdomínios: a) número e sítio
da articulação envolvida ( escore de 0 a 5); b) anormalidadeserológica (escore de 0-
3); c) resposta de fase aguda elevada (escore de 0-1); e d)duração dos sintomas
(escore de 0-2). (1)
Com a evolução do conhecimento sobre a fisiopatogenia da doençae suas
manifestações, associada ao aprimoramento das técnicaslaboratoriais e
imaginológicas, tornou-se possível diagnosticar e tratar comprecocidade a AR. Além
disso, a introdução de Medicamentos Modificadores do Curso daDoença (MMCD)
levou a uma mudança do paradigma terapêutico de uma terapiagradativa para uma
abordagem agressiva com a instituição das MMCD, com o objetivode alcançar a
remissão ou pelo menos um estado de baixa atividade da doença.Entretanto, sua
eficácia poderia estar limitada à avaliação do paciente ediagnóstico precoce da
doença e, o retardo na instituição do tratamento poderiaprejudicar a resposta. (8)
Elaborou-se então a hipótese da “janela de oportunidade” quepostula que a
AR em seu estágio inicial apresenta um fenótipo único no qual asalterações
imunorreguladoras podem ser marcadamente ou permanentementesuprimidas. (9)
1.2. ARTRITE REUMATOIDE INICIAL
A AR inicial era definida quando a duração da doença/sintomasera inferior a
24 meses e depois passou a ser considerada num período inferiora 12 meses (que
foi a definição utilizada quando da formação da coorteBrasília). Contudo, com a
revisão dos critérios classificatórios, o ACR passou aconsiderar esse período como
inferior a 06 meses, onde “duração” se refere ao período detempo que o paciente tem
tido os sintomas/doença e não o período a partir do diagnósticodado. (10)
24
Contudo, o estabelecimento do diagnóstico é de difícil alcance,devido ao fato
dos critérios classificatóirios serem baseados na doençaestabelecida (conferindo-
lhes baixa sensibilidade e especificidade, de acordo com oscritérios de 1987 (7)),
dificuldade de acesso do paciente ao especialista e seu viés dememória, além da
divergência entre os especialistas. Assim, diante da incertezana construção de um
diagnóstico preciso de AR inicial, tornou-se importantedeterminar marcadores
clínicos, sorológicos ou genéticos para a identificação depacientes que evoluirão com
AR e, consequente tratamento apropriado. Por outro lado, osnovos critérios
desenvolvidos pelo consórcio ACR/EULAR em 2010 permitiramidentificar os casos
em estágio inicial, que não apresentavam um diagnóstico definidode AR, mas que
num momento posterior poderão cursar com a doença estabelecida.Tal precocidade
foi possível porque os novos critérios têm como elemento centrala presença clara de
sinovite em pelo menos 1 articulação. (1)
O serviço de Reumatologia do Hospital Universitário de Brasília(HUB) da
Universidade de Brasília (UnB) estabeleceu em 2003 uma coortepara diagnóstico,
tratamento e acompanhamento dos pacientes com suspeita de ARinicial. Atualmente,
o ambulatório atende 140 pacientes, com tempo de acompanhamentoda doença que
varia entre 1 mês e 14 anos , mas todos diagnosticados com ARinicial no momento
de sua admissão ao ambulatório.
A Coorte Brasília (10-16) é uma coorte incidente de pacientescom diagnóstico
de AR inicial, acompanhada no ambulatório de Reumatologia doHospital Universitário
de Brasília, da Universidade de Brasília. AR inicial é definidapara a inclusão nessa
coorte como a ocorrência de sintomas articulares compatíveis(dor e edema articular
de padrão inflamatório, com ou sem rigidez matinal ou outrasmanifestações
sugestivas de doença inflamatória articular, avaliadas por umúnico observador) com
duração superior a 6 semanas e inferior a 12 meses, independentede satisfazer os
critérios do ACR (17). Todos os pacientes selecionadospreenchiam
retrospectivamente os critérios EULAR/ACR 2010 (1). A partir domomento do
diagnóstico, os pacientes são acompanhados prospectivamente,recebendo o regime
de tratamento padrão utilizado no serviço, incluindo ostradicionais medicamentos
modificadores do curso da doença (MMCD) sintéticos oubiológicos, de acordo com
a necessidade (protocolo de condutas apresentado no Anexo I).Atualmente, há
25
pacientes acompanhados de forma protocolar por até 14 anos, apartir do diagnóstico
inicial.
1.3. FADIGA
Fadiga pode ser definida como um cansaço físico e/ou mentalresultante do
esforço (incluindo a participação em atividades de vida diária –AVDs), que é a
incapacidade de manter uma atividade com a mesma intensidade,resultando em
deterioração da performance. Da mesma forma, a fadiga pode serdefinida como uma
sensação esmagadora de cansaço, falta de energia e sensação deexaustão. (18, 19)
Basicamente a fadiga pode ser classificada em periférica ecentral. A fadiga
periférica se refere à expressão usada para descrever fadigamuscular devido às
desordens no processo de contração muscular e de transmissão najunção
neuromuscular, i.e., é a manifestação física e a exaustãoseguidas ao esforço físico
extenuante. Já a fadiga central é a sensação subjetiva eautorrelatada de cansaço,
que envolve os aspectos mental, intelectual/cognitivo eemocional; embora haja
discussão sobre sua subdivisão em domínios distintos. Pode-seainda definir a fadiga
central como uma falha para completar tarefas mentais ou físicasque requeiram auto-
motivação, na ausência de falha cognitiva ou fraqueza muscularevidente. (18 - 20)
A percepção da fadiga pelos pacientes resulta de diversosfatores relacionados
a mudanças fisiológicas, psicológicas ou cognitivas, assim comodas alterações de
humor e sono, idade, gênero e estresse. Da mesma forma, a fadigaestá associada a
um grande número de condições clínicas como câncer, doença renalcrônica, doença
cardíaca congestiva, doenças musculoesqueléticas, síndrome dafadiga crônica,
doença pulmonar obstrutiva crônica, HIV/AIDs e doençasreumáticas. (18)
26
1.3.1. Fadiga e Artrite Reumatoide
Dentre as variáveis estudadas na AR, a fadiga é considerada comoum
problema comum e incapacitante, relatado entre 40 e 80% dospacientes, podendo
chegar a 90% em alguns estudos. (21-23)
A fadiga na AR é considerada como um sintoma extraarticularmultidimensional
e historicamente pouca atenção tinha sido dada ao sintoma devidoprovavelmente à
falta de consenso na definição do que é fadiga, e à falta de umagente etiológico
específico. Além disso, existe a dificuldade para acaracterização e diferenciação das
expressões utilizadas pelos indivíduos para expressar a fadiga eos demais sintomas,
especialmente em países de grande extensão territorial queapresentam grande
diversidade cultural em sua população. (2, 24)
Minnock et al. (25) conduziram um estudo para avaliar aconfiabilidade e
sensibilidade à mudança da fadiga como uma medida central naavaliação da AR. Os
autores utilizaram uma escala numérica (Numeric Rating Scale –NRS) para avaliar a
fadiga e concluíram que se trata de uma variável independente, aterceira mais
confiável e sensível à mudança, ficando atrás da dor e contagemde articulações
dolorosas.
Hewlett et al. (26) e Repping-Wuts et al. (27) através deestudos qualitativos,
mostraram que os pacientes com AR relatavam a fadiga como umaexperiência
extrema, frequente e multidimensional, que suas consequênciasafetavam todas as
esferas da vida e que gerava grande angústia e perturbação poisprovocavam a
redução das atividades diárias para um nível mínimo. Além disso,relataram pouco
apoio profissional para o manejo da fadiga, tendo então, quefazê-lo sozinhos através
de tentativa/erro e que, planejar e dosar as atividades,descansar e relaxar são as
intervenções mais apropriadas. As formas de fadiga relatadaspelos pacientes foram
a física, cognitiva e emocional, e atribuíram a sua presença àinflamação, sobrecarga
articular e má qualidade do sono.
Nikolaus et al (28), num estudo qualitativo sobre a fadiga,observaram que as
mulheres têm emoções mais negativas sobre a fadiga,principalmente as mais jovens
e com múltiplas tarefas diárias, mas que variavam a estratégiapara lidar com a fadiga
no dia a dia, ao passo que os homens disseram não havernecessidade de
27
modificação da rotina para tal. A maior parte dos pacientes sesentia impedida na sua
mobilidade e na execução das atividades; além disso, muitosdisseram estar restritos
às atividades domésticas e de jardinagem. Entretanto, ospacientes com idade mais
avançada não relatavam nenhuma consequência e para algunspacientes houve
aspectos positivos na fadiga, como tomar decisões maisconscientes na vida, não se
apegar a coisas pouco importantes ou apreciar os benefícios dorepouso. Por fim,
estes autores acreditam que as impressões sobre a fadigamostradas no seu estudo
estão relacionadas à quantidade de tarefas que uma pessoaexecuta durante o dia e
não ao gênero e idade; da mesma forma sugerem que as emoçõesnegativas
relacionadas à fadiga ocorrem pela frustração que os pacientestêm ao observar que
sua capacidade física não atende à suas expectativas e desejos,e que pode piorar
com as exigências de se assumir múltiplas tarefas.
Uma vez que não existem intervenções diretas e apropriadas aotratamento da
fadiga, torna-se importante entender como a fadiga secorrelaciona com outros
aspectos da doença e da incapacidade e, embora seja relatado quea fadiga se
correlaciona com a atividade da doença, dor, distúrbios do sono,estado mental e
incapacidade, pouco se sabe sobre a força de correlação e atemporalidade dessas
associações durante o curso da doença. (29, 30)
Na última década, diversos trabalhos foram desenvolvidos para aavaliação da
fadiga no seu componente uni e multidimensional, principalmenteapós o OMERACT
6 (Outcome Measures in Rheumatology Clinical Trials) terestabelecido a fadiga como
uma medida central na avaliação da AR e a reafirmação da suaimportância no
OMERACT 7. (31, 32)
Atualmente existem diversos instrumentos para a avaliação dafadiga, sejam
específicos para a AR ou questionários gerais capazes de seraplicados a uma grande
variedade de condições clínicas. A sua mensuração geralmente épor meio de escalas
e auto-avaliação, mas a falta de padronização na construção dasescalas e a ausência
de métodos apropriados para avaliar seus diversos aspectosresulta em dados
contraditórios e de difícil interpretação. (31, 33) Além disso,Hewlett et al. (34)
conduziram uma revisão sistemática de 23 escalas em uso econcluíram que 17 delas
não apresentavam dados para sua validação, ou tinham evidênciamuito limitada, e
que apenas 6 escalas apresentavam evidência razoável para suavalidação e
28
sensibilidade à mudança, dentre elas o SF36, a FunctionalAssessment of Chronic
Illness Therapy Fatigue Scale (FACIT-F), a EVA, POMS e MAF.
Lenman & Potter (35), num trabalho seminal comeletromiografia, observaram
que dor e rigidez das articulações acometidas são incapacitantesao ponto de
comprometer a avaliação da musculatura em pacientes com AR e queo aumento da
resistência ao movimento passivo possivelmente acelera ainstalação da fadiga
durante os exercícios ativos. Observaram ainda que pacientes comAR ativa
desenvolvem fadiga muscular com grande velocidade durante umacontração
isométrica, que grande parte desses indivíduos apresenta umexcessivo e mensurável
grau de fadigabilidade muscular quando a rigidez matinal está noseu ápice e que a
fadiga é provavelmente o resultado da dor e rigidez.
Tack (36) conduziu um estudo exploratório em 20 pacientes,aplicando o
questionário de perfis de humor (Profile of Mood States – POMS)e a Escala Visual
Análoga (EVA) e concluiu que a fadiga está relacionada à dor edepressão, afetando-
se mutuamente. Observou ainda que as condições que contribuempara a fadiga são
as crises, dor articular, barreiras ambientais, distúrbios dosono, estresse emocional e
a combinação de certas atividades de vida diária. Ele concluiuque os pacientes
adotam variadas estratégias cognitivas e comportamentais para omanejo da fadiga;
e que as principais consequências da fadiga são: irritabilidade,frustração por não
conseguir executar/completar uma tarefa, uma opressiva sensaçãode desamparo e
desespero, e relações sociais e familiares abaladas pelaincompreensão da natureza
da fadiga por outras pessoas.
Crosby (37) também concluiu que dor articular (considerada comoatividade da
doença), fragmentação do sono e redução da capacidade funcionalsão fatores
importantes associados à fadiga, mas que a dor articular é ofator que mais influenciou
os níveis de fadiga. Belza (38) aplicou o questionário POMS e aescala
multidimensional de avaliação da fadiga (MultidimensionalAssessment of Fatigue
scale – MAF) e encontrou associação da fadiga com intensidade dador, baixa
qualidade do sono, incapacidade funcional e depressão.
Wolfe et al. (39) avaliaram a fadiga, utilizando a EVA eobtiveram os mesmos
resultados de Tack (36), Crosby (37) e Belza (38), mas tambémobservaram
correlação importante com a contagem articular e o HealthAssessment Questionnaire
(HAQ), mas sem correlação com a atividade inflamatória.Repping-Wuts et al. (40)
29
encontraram associação com estado geral de saúde e incapacidadeao avaliar
pacientes de AR com fadiga severa persistente. Da mesma forma,van Hoogmoed et
al. (41) avaliaram a fadiga severa em pacientes com AR eobservaram que havia
associação com fatores psicossociais (como lidar com a fadiga,pensamentos
depressivos e catastrofizar a fadiga), dor e funcionalidade.
Koike et al. (42) aplicaram 3 escalas de fadiga desenvolvida poreles e
avaliaram a correlação com inflamação e com o comportamento paralidar com a
fadiga. Eles observaram que a extensão da fadiga, assim como ossintomas de fadiga
estão relacionados à severidade do estado inflamatório dospacientes e que estes
usavam a estratégia de reduzir o impacto da fadiga em seu corpo,como uma maneira
eficiente de lidar com a mesma. Turan et al. (43) avaliaram afadiga através do
questionário MAF e encontraram também associação com a atividadeda doença –
avaliada pelo escore de atividade da doença (Disease ActivityScore – DAS28) e dor,
assim como estado funcional e saúde mental.
Yacoub et al. (44) aplicaram o questionário MAF, a EVA e o SF36,e também
encontraram associação da fadiga com a atividade da doença,incapacidade
funcional, dano estrutural (avaliado por exames radiológicos) ea presença de
anticorpos anti-CCP. Corroborando com este estudo, Campbell etal. (45) aplicaram o
FACIT-F e encontraram associação da fadiga com a contagem dearticulações
dolorosas, dor e incapacidade. Além disso, observaram que afadiga não se
correlacionava com o tratamento adotado.
Num estudo multidimensional utilizando o questionário MAF e oSF36, Nicassio
et al. (46) observaram associação da fadiga com a atividade dadoença, alterações de
humor e má qualidade do sono, mas que os dois últimos exerciammaior papel no
nível de fadiga quando eram afetados pela atividade da doença.Irwin et al. (47)
estudaram como a privação do sono afetava fadiga, depressão edor. Eles concluíram
que havia associação entre as alterações de humor e dor após aprivação do sono, o
que afetaria consequentemente o nível de fadiga. Da mesma formaLööf et al. (48)
aplicaram o questionário MAF para avaliar fadiga e observaramque ela se relacionava
com a atividade da doença (avaliada pelo DAS28), aumento daconsciência corporal
e redução do estado emocional positivo.
Já Escobar et al. (49) aplicaram o questionário FACIT-F eencontraram
associação com o DAS28 que, quando decomposto, mostrouassociação com a
30
contagem articular a avaliação global de saúde. Singh et al.(50) aplicaram o mesmo
questionário e encontraram associação da fadiga com o DAS28, mastambém com o
índice clínico de atividade da doença (Clinical Disease ActivityIndex – CDAI), mais
especificamente com a contagem articular, avaliação global dopaciente e do
avaliador.
Bianchi et al. (2) também usaram o questionário FACIT-F eavaliaram a
correlação entre fadiga e variáveis clínicas e psicológicas.Eles encontraram
associação com a capacidade funcional, ansiedade, depressão e odomínio físico do
questionário SF36, mas sem associação significativa com aatividade da doença e
contagem articular.
Novaes et al. (51) avaliaram fadiga através da EVA e doquestionário MAF para
avaliar a associação com dor e incapacidade, e observaram que afadiga em pacientes
com AR tinha associação com dor.
Rupp et al. (52) aplicaram o inventário multidimensional defadiga
(Multidimensional Fatigue Inventory – MFI-20) e avaliaram oimpacto da fadiga na
qualidade de vida dos pacientes com AR. Eles concluíram quefadiga, depressão e
dor estão inter-relacionados.
Pollard et al. (53) conduziram um estudo com duas coortes,utilizando a EVA e
a escala de vitalidade do Medical Outcomes Study Short Form 36(SF36) para avaliar
a correlação da fadiga com sinovite, dor e outros achadosclínicos. Eles concluíram
que na AR estabelecida, a fadiga está ligada principalmente àdor e depressão (como
observado por outros autores) e que sua associação com aatividade da doença é
secundária.
Wolfe et al. (54) num outro trabalho, avaliaram os preditorespara a depressão
autorrelatada em pacientes com AR e observaram que uma escalaassociada de
fadiga e dor regional era os preditores dominantes, reforçando aassociação entre dor,
fadiga e depressão vista em outros estudos.
Diversos estudos mostram associação entre dor e fadiga, mas vanDartel et al.
(55) conduziram um estudo longitudinal para estudar a direção darelação causal entre
estas variáveis e observou que ambas variavam sincronicamente,mas sem qualquer
relação causal entre elas.
Mancuso et al. (56) aplicaram a escala de severidade da fadiga(Fatigue
Severity Scale – FSS) para avaliar a associação com fatorespsicossociais e
31
observaram que a fadiga em pacientes com AR tinha correlação coma ansiedade,
incapacidade, pouco suporte social e maior estresse social.
Já Stebbings et al. (57), através do questionário MAF,observaram que a fadiga
em pacientes com RA estava fortemente associada à depressão eansiedade, e sem
associação significativa com a dor e atividade da doença.
Stone et al. (58) observaram que dor e fadiga estão fortementeassociadas à
qualidade de vida, podendo afetar o nível de participação dospacientes nos
tratamentos e que essas relações podem afetar o curso da doença.As informações
sobre periodicidade, variabilidade e o nível dessas variáveispodem ajudar na
caracterização de subgrupos de pacientes que podem responder demaneira diferente
às abordagens terapêuticas. Neste estudo sobre fadiga e dor,utilizando relatórios
ecológicos momentâneos para avaliar sua variação durante o diaem pacientes com
AR, eles concluíram que os padrões de fadiga e dor não sãoexplicados pelas
variações de humor, que existem ciclos diurnos para dor e fadigae que os padrões
dos ciclos não eram consistentes entre os indivíduos. Quandoavaliado o sono e sua
relação com a fadiga, os autores concluíram que existe umaassociação ambígua:
sono reparador pode causar mais dor e fadiga, assim como dor efadiga podem piorar
a qualidade do sono.
Huyser et al. (59) aplicaram a escala Piper de autorrelato dafadiga e concluíram
que dor e sintomas depressivos estão fortemente relacionados àfadiga; além disso,
o gênero feminino também apresentava maior índice de fadiga,como observado por
Stone et al. (58).
Tiesinga et al. (60) conduziram uma revisão da literatura sobreos fatores sócio-
demográficos e aqueles relacionados à cura e aos cuidados. Osautores observaram
que a fadiga tem um caráter inespecífico e multidimensional,relacionando-se com
idade (correlação negativa), gênero feminino, nível educacional,emprego e classe
social, tempo de doença, atividade da doença aumentada, númerode comorbidades
e depressão.
Já Garip et al. (61) conduziram um estudo com 160 pacientes,associando
fadiga com severidade da dor, status funcional e atividade dadoença. Eles concluíram
que a fadiga apresenta correlação com a dor (avaliada pela EVA),sendo um preditor
da mesma. Eles observaram ainda correlação com o statusfuncional e sem
associação direta com a atividade da doença. Quanto ao padrão deapresentação
32
diária da fadiga, os autores concluíram que esta é maior pelamanhã (de 3 a 4 horas
após acordar) e diminuem durante o dia, mostrando resultadosdivergentes aos de
Stone et al. (58).
Fifield et al. (62) num estudo sobre depressão em pacientes comAR, observou
que aqueles que apresentavam histórico de depressão, alto nívelde disforia em curso,
mas sem um quadro de grande depressão definido, apresentavammaiores níveis de
dor, fadiga e incapacidade. Riemsma et al. (63) tambémobservaram associação da
fadiga com a dor; além disso, observaram que pacientes com maiorfacilidade para
lidar com a AR e mobilizar uma rede social de suporteapresentavam menor nível de
fadiga. Já Jump et al. (64), utilizando a escala MAF, observaramque indivíduos com
histórico de desordens afetivas apresentavam maiores níveis defadiga e que, mesmo
controlando para neuroticismo e auto-eficácia, as desordensafetivas continuavam a
ser um preditor de fadiga. Entretanto, a auto-eficácia combinadaà desordem afetiva
geravam maior influência sobre os níveis de fadiga.
Parrish et al. (65) avaliaram a influência dos eventosinterpessoais positivos e
negativos sobre a fadiga em mulheres com AR e concluíram queaquelas que
passavam por mais eventos negativos tinham seus níveis de fadigaaumentados no
mesmo dia e no dia seguinte aos eventos. Já os pacientes quepassavam por mais
eventos positivos apresentavam menores níveis de fadiga no mesmodia do evento,
contudo, apresentavam um nível de fadiga aumentado no diaseguinte. Os autores
atribuíram tal comportamento ao aumento de energia associado aoseventos positivos
de um dia levar a um déficit energético no dia seguinte, o quepoderia sugerir uma
baixa resistência física e/ou mental desses indivíduos. Poroutro lado, Finan et al. (66)
analisaram como a interação entre os eventos positivos enegativos concorrentes
afetavam os níveis de fadiga. Eles concluíram que poucos eventospositivos levavam
a níveis maiores de fadiga, independentemente da quantidade deeventos negativos,
e que dias com muitos eventos positivos reduziam a fadiga apenasquando não
haviam muitos eventos negativos; por fim, observaram que umnúmero elevado de
eventos negativos sempre aumentava os níveis de fadiga.
Treharne et al. (67) conduziram um estudo utilizando o modelo desenso-
comum de Leventhal (Leventhal’s Common-Sense Model), paraavaliar as
representações cognitivas de uma doença no esforço dosindivíduos para lidar com a
mesma e observaram que indivíduos que acreditavam que asconsequências da AR
33
seriam muito severas e/ou incontroláveis apresentaram maiornível de fadiga após 1
ano, independentemente do seu tempo de doença e medicação emuso.
Corroborando de alguma forma com este estudo, Bergman et al.(68) conduziram um
extenso estudo, analisando dados da prática clínica e depesquisa em bancos de
dados sobre doenças reumáticas para avaliar se a fadiga seriauma variável
inflamatória. Estes autores observaram que a variável que maisse associou à fadiga
foi a avaliação global do paciente, indicando, como visto porTreharne et al. (67), que
a perspectiva do paciente tem maior influência sobre o nível defadiga.
Yazici et al. (69) avaliaram a correlação da fadiga, entreoutras variáveis, com
a rigidez matinal em pacientes com AR inicial mas não houvecorrelação significativa.
Thyberg et al. (29) conduziram um estudo em pacientes com ARinicial e observaram
que a fadiga nesses pacientes estava relacionada à atividade dadoença, dor,
limitação das atividades, e distúrbios da saúde mental e dosono. Já Rat et al. (22),
que também estudaram a fadiga em pacientes com AR inicial,observaram através da
EVA, uma associação com gênero (feminino), idade (jovens), baixonível educacional,
tabagismo, acordar durante a noite, escore alto no DAS28, baixaqualidade de vida,
baixo nível de hemoglobina e altos níveis de PCR. Já quandousaram a escala de
vitalidade do SF36, observaram associação com baixo níveleducacional, tabagismo,
número de comorbidades, acordar durante a noite, escore alto deDAS28, baixa
qualidade de vida, baixo nível de hemoglobina e altos níveis dePCR.
34
2. JUSTIFICATIVA
Embora a fadiga seja uma manifestação importante da AR, nãoexistem
estudos sobre a sua prevalência em pacientes brasileirosdiagnosticados na fase
inicial (menos de um ano de sintomas) e acompanhadosprospectivamente. Da
mesma forma, não existem estudos que comparem os resultados dediferentes
instrumentos de avaliação da fadiga aplicados em pacientesbrasileiros, para
identificar qual o mais sensível e as diferenças de desempenhoentre eles.
Assim, este estudo pretende avaliar a prevalência da fadiga nospacientes da
Coorte Brasília de AR comparando diferentes ferramentas demensuração da fadiga.
35
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVOS GERAIS
Avaliar a prevalência da fadiga nos pacientes da Coorte Brasíliade AR e as
características gerais dessa população.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar se há a associação entre fadiga e as variáveisepidemiológicas e
clínicas da doença, com o uso dos seguintes instrumentos:
a) Dimensão de Vitalidade do questionário SF-36 (MedicalOutcomes Study Short
Form 36)
b) Dimensão de Fadiga do Perfil dos estados de humor – POMS(Profile of Mood
States);
c) Escala de avaliação multidimensional da fadiga – MAF(Multidimensional
Assessment of Fatigue Scale);
d) Escala de severidade da fadiga – FSS (Fatigue SeveritiyScale);
e) Questionário multidimensional Bristol de fadiga na artritereumatoide BRAF-MDQ
(Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue MultidimensionalQuestionnaire);
f) Escala Bristol numérica de fadiga na artrite reumatoideBRAF-NRS (Bristol
Rheumatoid Arthritis Fatigue Numerical Rating Scales forSeverity, Effect and Coping);
g) Escala Visual Análoga de fadiga (EVAfad);
h) Questionário de avaliação funcional da terapia de doençascrônicas – fadiga –
FACIT-F (Functional Assessment of Chronic Illness TherapyFatigue Scale).
Comparar o desempenho dos diferentes instrumentos de avaliaçãode acordo
com o grau de fadiga nessa população.
Medir o grau de similaridade entre os instrumentos de avaliaçãoda fadiga.
36
4. PACIENTES E MÉTODOS
4.1 TIPO DE ESTUDO
Estudo transversal descritivo com análise qualitativa equantitativa dos dados.
4.2 LOCAL DO ESTUDO
Os dados foram coletados de pacientes com diagnóstico de ARavaliados na
Coorte Brasília de AR e atendidos regularmente no Ambulatório deReumatologia do
Hospital Universitário de Brasília (HUB), Universidade deBrasília (UnB).
4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Idade maior que 18 anos.
Capacidade de ler, compreender, preencher e aceitar o termode
consentimento livre e esclarecido (Anexo II).
Diagnóstico de AR inicial realizado por reumatologista e emacompanhamento
protocolar na Coorte Brasília de AR.
4.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Artrite idiopática juvenil.
Gravidez.
37
Diagnóstico de outra doença do colágeno estabelecidopreviamente: Lúpus
eritematoso sistêmico (LES), espondiloartrites, vasculites.
4.5 SELEÇÃO DOS PACIENTES E DURAÇÃO DO ESTUDO
Os pacientes avaliados foram selecionados pelo pesquisadorresponsável
durante a rotina de atendimento dos mesmos no ambulatório dereumatologia do HUB.
Obtivemos assim, uma amostra de conveniência de 80 pacientes,logo, sem o cálculo
amostral.
Os pacientes que atendiam os critérios de inclusão foramadmitidos no estudo
e um único observador coletou os dados socioeconômicos,demográficos, clínicos e
aplicou todos os questionários de avaliação da fadiga e, por setratar de estudo
transversal, os pacientes eram avaliados apenas uma vez.
A duração do estudo esteve vinculada ao tempo de necessário paraa coleta
dos dados de 80 pacientes, que começou em dezembro de 2014 e seencerrou em
dezembro de 2015. A entrevista com cada paciente durou cerca de40 minutos.
Para cumprir os objetivos, os pacientes selecionados leram eassinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido.
4.6 PARÂMETROS AVALIADOS E FORMA DE AVALIAÇÃO
Para determinar a associação entre a ocorrência de fadiga e asvariáveis
epidemiológicas e clínicas da doença, estas foram separadassegundo o modelo
hierárquico apresentado na Tabela 1.
38
Tabela 1 – Modelo hierárquico para associação da fadiga com asvariáveis da doença
Bloco Demográfico Gênero Idade Grupo étnico
Branco Negro Pardo Índio
Bloco Socioeconômico Classe social (renda familiar) EscolaridadeOcupação Situação conjugal
Solteiro Casado/União estável Divorciado/separado Viúvo
Número de Dependentes
Bloco Saúde
Tabagismo Comorbidades
Hipertensão Diabetes mellitus Dislipidemia Trombose venosa eembolia pulmonar Síndrome metabólica Neoplasias CardiopatiasFibromialgia Síndrome SICCA Hipotiroidismo HipertiroidismoDepressão Ansiedade
Dados da história clínica Presença ou não de manifestaçõessistêmicas e extra-articulares
Provas de atividade inflamatória VHS PCR TSH T4 livre
Avaliação articular Contagem do número de articulações doloridase inflamadas, avaliando-se um total de 28 articulações Duração darigidez matinal
Avaliação do impacto da AR na qualidade de vida do pacienteEscala visual análoga da dor global Escala visual análoga deavaliação global da atividade da doença do paciente Escala visualanáloga de avaliação global da atividade da doença do médico HealthAssesment Questionarie (HAQ) Questionário 36-item short-form -SF-36
Escores de atividade da AR Escore de atividade da doença baseadona contagem de 28 articulações – DAS28 Índice simplificado deatividade da doença – SDAI Índice clínico de atividade da doença –CDAI
39
conclusão
Tabela 1 – Modelo hierárquico para associação da fadiga com asvariáveis da doença
Bloco Avaliação Subjetiva de Saúde Mobilidade Cuidados pessoaisAtividades de vida diária Dores / indisposição
4.6.1 Bloco Demográfico
a) Gênero
Masculino ou feminino.
b) Idade
Registro da idade no momento da coleta dos dados.
c) Grupo étnico
A classificação do grupo étnico foi autorrelatada, observando-seas opções:
branco, negro, pardo e índio.
4.6.2 Bloco Socioeconômico
a) Classe social
Registro da renda salarial baseado em número de saláriosmínimos, de
acordo com a definição da Fundação Getúlio Vargas (FGV),considerando o valor do
salário mínimo do ano de 2015, que era de R$768,00 (setecentos esessenta e oito
reais) (70):
Classe A/B – renda domiciliar per capita acima de R$4591,00;
Classe C – renda domiciliar per capita entre R$1064,00 eR$4591,00;
40
Classe D – renda domiciliar per capita entre R$768,00 eR$1064,00;
Classe E – renda domiciliar per capita até R$768,00.
b) Escolaridade
Registro do número de anos de estudo formal.
c) Ocupação
Registro da atividade ocupacional exercida pelo paciente,remunerada ou não.
d) Situação Conjugal
Os pacientes foram agrupados da seguinte forma: Solteiro(a);Casado(a)/União
estável; Divorciado/Separado; e Viúvo(a).
e) Número de Dependentes
Número de filhos que vivem e dependem financeiramente doentrevistado.
4.6.3 Bloco Saúde
a) Tabagismo
Foram coletados dados sobre tabagismo atual ou prévio, sendo quea definição
de tabagismo utilizada nessa pesquisa foi "ter fumado durante umou mais dias nos
últimos 30 dias". Foram considerados como ex-tabagistas ospacientes que
informaram ter abandonado o hábito tabágico há mais de 30 dias.(71)
b) Comorbidades
Os prontuários dos pacientes foram avaliados em busca dapresença de
comorbidades. As comorbidades pesquisadas foram: hipertensãoarterial sistêmica,
diabetes mellitus, dislipidemia, trombose venosa e emboliapulmonar, síndrome
metabólica, neoplasias, cardiopatias, fibromialgia, síndromeSICCA, hipotiroidismo,
hipertiroidismo, depressão e ansiedade.
41
c) Dados da história clínica
Presença ou não de manifestações sistêmicas eextraarticulares.
d) Provas de atividade inflamatória
Foram coletados os dados referentes às seguintes provas:
d.1) Velocidade de Hemossedimentação (VHS) em mm/h;
d.2) Proteína C Reativa (PCR) em mg/dl;
e) Hormônio Tireoestimulante (TSH) – valores de referência 0,4 a4,0 µUI/mL;
f)Tiroxina (T4 livre) – valores de referência: 0,8 a 1,8ng/dL;
g) Avaliação articular
Contagem do número de articulações doloridas (TJC) einflamadas
(SJC), avaliando-se um total de 28 articulações (Anexo III).
Duração da rigidez matinal em minutos.
h) Avaliação do impacto da AR na qualidade de vida dopaciente
Escala visual análoga da dor global (EVAdor) (Anexo IV).
Escala visual análoga de avaliação global da atividade da doençado
paciente (EVApac) (Anexo IV).
Escala visual análoga de avaliação global da atividade da doençado
médico (EVAmed) (Anexo IV).
Stanford Health Assesment Questionarie (HAQ) (Anexo V). Este
questionário auto-administrável avalia cinco dimensões:incapacidade,
desconforto, efeitos colaterais de drogas, custo e morte. Seuaspecto mais
valorizado tem sido a avaliação da capacidade funcional. O HAQfoi
traduzido e validado para o português por Ferraz (72).
Medical Outcomes Study 36-Item Form Health Survey (SF-36)(Anexo
VI). O SF-36 é um questionário multidimensional composto por 36itens,
dividido em 8 escalas, componentes ou domínios: capacidadefuncional,
42
aspectos físicos, dor, estado geral de saúde (componente físico)e saúde
mental, aspectos emocionais, aspectos sociais e vitalidade(componente
utilizado para avaliar a fadiga). O SF-36 apresenta um escorefinal de 0 a
100, no qual zero corresponde ao pior estado de saúde e cem aomelhor
estado de saúde. O SF-36 foi traduzido e validado para a línguaportuguesa
por Ciconelli et al (73).
i) Escores de atividade da AR
Escore de atividade da doença – DAS28; baseado na raiz quadradada
contagem simples de 28 articulações doloridas e inflamadas,acrescidas do
logaritmo transformado da Velocidade de Hemossedimentação (VHS)e da
EVApac, formando um escore de 0,49 – 9,07 (Anexo VII). Quantomaior o
escore, maior o nível de atividade da doença.
Índice simplificado de atividade da doença – Simplified DiseaseActivity
Index (SDAI); calculado a partir do DAS28, EVApac e EVAmed, e dovalor
da proteína C reativa (PCR), através da seguinte fórmula: Escoretotal =
articulações dolorosas DAS28 + articulações edemaciadas DAS28+
EVApac + EVAmed + PCR. O CDAI apresenta um escore de 0,1 –86.
Quanto maior o escore, maior o nível de atividade da doença.
Índice clínico de atividade da doença – Clinical DiseaseActivity Index
(CDAI); calculado como o SDAI, exceto pela exclusão do PCR doseu
escore total, compondo então, um escore de 0 – 76. Quanto maioro escore,
maior o nível de atividade da doença.
Os valores de referência para os instrumentos de avaliação doimpacto e
atividade da doença são apresentados no anexo VIII.
43
4.6.4 Bloco Avaliação Subjetiva de Saúde
Os pacientes eram perguntados se apresentavam um ou mais dositens a
seguir:
a) Dor e indisposição;
b) Dificuldade na realização das AVDs;
c) Dificuldade de mobilidade; e
d) Dificuldade na execução dos cuidados pessoais.
4.7 AVALIAÇÃO DA FADIGA
a.1) Perfil dos estados de humor – POMS (Profile of Mood States)– é um
instrumento multidimensional composto por 42 itens, subdivididoem 7 escalas
(Tensão, Depressão, Raiva, Vigor, Fadiga e Confusão), além de umescore que avalia
a perturbação total de humor. Esse questionário que diagnosticae monitora as
alterações de humor teve sua versão reduzida, traduzida eadaptada por Viana et al
(74). A escala de fadiga está composta por 6 itens e tem umescore que varia de 0 a
24, onde valores maiores significam mais fadiga. (Anexo IX)
a.2) Escala de avaliação multidimensional da fadiga – MAF(Multidimensional
Assessment of Fatigue Scale) – instrumento específico para AR,avalia a fadiga
autorrelatada, abordando 4 dimensões da fadiga (severidade,sofrimento, impacto e
duração) e composta por 15 itens que fornecem um índice globalde fadiga que varia
de 1 a 50; quanto maior o índice, maior a severidade da fadiga.(75) (Anexo X).
a.3) Escala de severidade da fadiga – FSS (Fatigue SeveritiyScale);
instrumento desenvolvido para esclerose múltipla, mas jáaplicado em AR, ela aborda
os efeitos físico, social e cognitivo da fadiga; apresenta 9itens que compõem um
escore de 1 a 7. Quanto maior o escore, maior a severidade dafadiga. A escala foi
validada para o Português por Valderrama et al. (76, 77) (AnexoXI)
44
a.4) Questionário multidimensional Bristol de fadiga na artritereumatoide
BRAF-MDQ (Bristol Rheumatoid Arthritis Fatigue MultidimensionalQuestionnaire) –
instrumento específico para avaliar a experiência e impacto dafadiga na AR, ele cobre
4 dimensões (fadiga física, viver com fadiga, fadiga cognitiva efadiga emocional) e
está composto por 20 itens que formam um escore de 0 a 70 –quanto maior, mais
severa a fadiga. (78, 79) (Anexo XII)
a.5) Escala numérica do questionário Bristol multidimensional defadiga na
artrite reumatoide BRAF-NRS (Bristol Rheumatoid ArthritisFatigue Numerical Rating
Scales for Severity, Effect and Coping) – Esta escala foidesenvolvida para padronizar
a avaliação da fadiga e está constituída de 3 itens sobre aseveridade, efeito e
habilidade para lidar com a fadiga. Cada escala tem um escore de0 a 10, onde valores
maiores para severidade e efeito representam pior quadro; eescore menor para
habilidade para lidar com a fadiga, pior quadro. (78, 79) (AnexoXIII)
a.6) Escala Visual Análoga de fadiga (EVAfad); instrumento deavaliação
unidimensional da fadiga que geralmente avalia severidade ouintensidade. Ela tem
um valor que varia de 0 a 10 e quanto maior o valor, pior oaspecto avaliado. (Anexo
XIV)
a.7) Questionário de avaliação funcional da terapia de doençascrônicas –
fadiga FACIT-F (Functional Assessment of Chronic Illness TherapyFatigue Scale) –
instrumento desenvolvido para pacientes oncológicos, validadopara a pesquisa em
AR por Cella et al. (80) e validado para a língua portuguesa porIshikawa et al. (81).
Ele cobre 4 dimensões (fadiga física, funcional, emocional econsequências sociais
da fadiga) em 13 itens que formam um escore de 0 a 52 – ondeescores maiores
significam menor fadiga. (Anexo XV)
a.8) Dimensão vitalidade do questionário SF36 – escore obtido apartir de
fórmula que utiliza os valores de 4 subitens (“a”, “e”, “g” e“i” [[[[a+e+g+i]-
4]x100]÷20]) do item 9 do questionário (Anexo VI). Seu escorevaria de 0 a 100; quanto
menor o escore, maior a fadiga.
45
Todos os questionários citados foram aplicados pelo pesquisadorresponsável,
para que possíveis dúvidas quanto aos itens de cada questionáriofossem dirimidas
no momento da avaliação. Assim, ocorreria mínima perda deinformações durante a
coleta.
4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foram calculadas as frequências das variáveis de interesse, asprevalências
com os respectivos intervalos de 95% de confiança dascaracterísticas das variáveis
em estudo, associadas à ocorrência da fadiga.
A seguir, uma análise de regressão linear múltipla com seleçãodas variáveis
pelo método stepwise, havendo a inserção e retirada dasvariáveis do modelo até que
fossem verificadas todas as combinações possíveis de variáveis echecando se a
inclusão de uma nova variável afetaria a significância dasoutras no modelo.
O teste de Wald avaliou a validação dos coeficientes, paradeterminar a
importância de cada variável para o modelo de regressão. Então,uma análise de
variância (ANOVA) e uma análise de resíduos foram executadaspara verificar a
adequação do modelo.
Então, foram divididos em 3 grupos de acordo com o grau defadiga avaliado
pela Escava Visual Análoga de Fadiga (EVAfad), a saber: Grupo 1– sem fadiga clínica
relevante, escore EVAfad de 0 a 2; Grupo 2 – fadiga de leve amoderada, escore
EVAfad de 2,1 a 5; e, Grupo 3 – fadiga severa, escore EVAfad de5,1 a 10, observando
o mesmo parâmetro que Pollard et al (52). A seguir, foiexecutada nova regressão
linear múltipla, com o mesmo método de seleção das variáveis,para se avaliar a
resposta de cada instrumento de acordo com grau de fadigaobservado em cada
grupo.
Considerou-se estatisticamente significativo p< 0,05 e foiutilizado o aplicativo
estatístico IBM SPSS Statistics 22.
46
4.9 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto que deu origem à Coorte Brasília foi submetido àapreciação do
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Faculdadede Medicina
da UnB (FM-UnB) em 15 de junho de 2007, analisado e aprovado em22 de agosto
de 2007 (Registro do projeto: CEP-FM 028/2007) e todos osparticipantes assinaram
um termo de consentimento livre e esclarecido.
O projeto de pesquisa deste estudo foi submetido à apreciação doComitê de
Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Faculdade deMedicina da UnB (FM-
UnB) via Plataforma Brasil (CAAE: 38197414.0.0000.5558) em 22 dejulho de 2014,
analisado e aprovado em 10 de dezembro de 2014 (ParecerCosubstanciado nº
897.320) (anexo XVI); e todos os participantes assinaram o termode consentimento
livre e esclarecido.
47
5. RESULTADOS
5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS
A média de idade dos pacientes avaliados foi de 49,96 anos(±14,32), variando
entre 23 e 80 anos, 87,5% do gênero feminino (70 pacientes),grupo étnico pardo
(56,3%), com uma média salarial de 2,04 SM (±2,44) e com médiade 7,58 anos de
estudo (±4,48). A tabela 2 e os gráficos 1 a 3 apresentam ascaracterísticas gerais
dos pacientes avaliados.
Tabela 2 – Características demográficas dos pacientes da CoorteBrasília de AR
avaliados no estudo
Característica Média (DP) ou n (%)
Idade 49,96 (±14,32)
Gênero
Masculino 10 (12,5%)
Feminino 70 (87,5%)
Grupo étnico
Branco 25 (31,25%)
Pardo 45 (56,25%)
Negro 10 (12,5%)
Classe Social
A (≥ 20SM) 0 (0%)
B (entre 10 e 20 SM) 3 (3,75%)
C (entre 4 e 10 SM) 3 (3,75%)
D (entre 2 e 4 SM) 13 (16,25%)
E (≤ 2SM) 61 (76,25%)
Escolaridade (anos de estudo) 7,58 (±4,48)
Estado Civil
Solteiro 13 (16,25%)
Casado/União estável 46 (57,5%)
Divorciada/Separada 11 (13,75%)
Viúva 10 (12,5%)
DP = Desvio Padrão; SM = Salário Mínimo
48
Gráfico 1 – Distribuição da população, segundo o grupo étnicodos pacientes da
Coorte Brasília de AR avaliados no estudo.
Gráfico 2 – Distribuição da classe social dos pacientes daCoorte Brasília de AR
avaliados no estudo.
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
N E G R AB R A N C A
P A R D A
12,50%
31,25%
56,25%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
ED
CB
A
76,25%
16,25%
3,75%3,75%
49
Gráfico 3 – Distribuição do estado civil dos pacientes da CoorteBrasília de AR
avaliados no estudo.
A Tabela 3 apresenta as diversas ocupações da nossa amostra.
Tabela 3 – Ocupações dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo
Ocupação n (%)
Analista Júnior 1 (1,3%)
Aposentada 13 (16,3%)
Atendente 1 (1,3%)
Auxiliar Administrativo 4 (5%)
Auxiliar Cozinha 1 (1,3%)
Auxiliar Jardinagem 1 (1,3%)
Carpinteiro 1 (1,3%)
Caseiro 1 (1,3%)
Comerciante 2 (2,5%)
Copeira 2 (2,5%)
Costureira 3 (3,8%)
Cozinheira 1 (1,3%)
Desempregada 1 (1,3%)
Diarista 3 (3,8%)
Do lar 16 (20%)
Doméstica 7 (8,8%)
Estudante 4 (5%)
Merendeira 1 (1,3%)
Motorista 1 (1,3%)
Operador de caixa 1 (1,3%)
Pedreiro 2 (2,5%)
Pensionista 2 (2,5%)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
13%14% 16%
57%
50
conclusão
Tabela 3 – Ocupações dos pacientes da Coorte Brasília de ARavaliados no estudo
Ocupação n (%)
Porteira 2 (2,5%)
Professora 3 (3,8%)
Recepcionista 1 (1,3%)
Serviços Gerais 1 (1,3%)
Servidor Público 1 (1,3%)
Técnico Enfermagem 1 (1,3%)
Técnico Laboratório 1 (1,3%)
Vendedora 1 (1,3%)
A amostra foi dividida em 3 grupos de acordo com os valores daEVAfad (Grupo
1 – sem fadiga clínica relevante, escore EVAfad de 0 a 2; Grupo2 – fadiga de leve a
moderada, escore EVAfad de 2,1 a 5; e, Grupo 3 – fadiga severa,escore EVAfad de
5,1 a 10), as tabelas de 4 a 6 apresentam as característicasgerais de cada grupo.
Tabela 4 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 1(sem fadiga clínica
relevante, EVAfad ≤2) da Coorte Brasília de AR avaliados noestudo.
Ocupação (n=23; 28,75%) Característica Média (DP), n (%) ou
Mediana (25-75%)
Aposentada (5; 21,8%)
Caseiro (1; 4,3%)
Comerciante (1; 4,3%)
Do lar (6; 26,2%)
Doméstica (4; 17,5%)
Estudante (1; 4,3%)
Motorista (1; 4,3%)
OP caixa (1; 4,3%)
Pedreiro (1; 4,3%)
Professora (2; 8,7%)
Idade 53,96 (±11,83)
Gênero
Masculino 4 (17,5%)
Feminino 19 (82,5%)
Grupo étnico
Branco 8 (34,8%)
Pardo 13 (56,5%)
Negro 2 (8,7%)
Classe Social – 1,5 (1-2,5)§
A (≥ 20SM) 0 (0%)
B (entre 10 e 20 SM) 2 (8,7%)
C (entre 4 e 10 SM) 1 (4,3%)
D (entre 2 e 4 SM) 3 (13%)
E (≤ 2SM) 17 (74%)
Escolaridade (anos de estudo) 6,34 (±4,77)
Estado Civil
Solteiro 3 (13%)
Casado/União estável 17 (74%)
Divorciada/Separada 2 (8,7%)
Viúva 1 (4,3%)
Dependentes§ 0 (0-2)
DP = Desvio Padrão; SM = Salário Mínimo; § = mediana (25%-75%);OP = operador
51
Tabela 5 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 2(fadiga de leve a
moderada, EVAfad >2 e ≤5) da Coorte Brasília de AR avaliadosno estudo.
Ocupação (n=28; 35%) Característica Média (DP), n (%) ou
Mediana (25-75%)
Aposentada (5; 17,8%)
Aux. Admin (1; 3,6%)
Aux. Cozinha (1; 3,6%)
Carpinteiro (1; 3,6%)
Comerciante (1; 3,6%)
Copeira (1; 3,6%)
Costureira (1; 3,6%)
Desempregada (1; 3,6%)
Diarista (1; 3,6%)
Do lar (4; 14,2%)
Doméstica (2; 7,1%)
Estudante (3; 10,6%)
Merendeira (1; 3,6%)
Pedreiro (1; 3,6%)
Pensionista (1; 3,6%)
Porteira (2; 7,1%)
Vendedora (1; 3,6%)
Idade 50,96 (±16,07)
Gênero
Masculino 3 (10,7%)
Feminino 25 (89,3%)
Grupo étnico
Branco 7 (25%)
Pardo 17 (60,7%)
Negro 4 (14,3%)
Classe Social – 1 (0,12 – 2)§
A (≥ 20SM) 0 (0%)
B (entre 10 e 20 SM) 0 (0%)
C (entre 4 e 10 SM) 0 (0%)
D (entre 2 e 4 SM) 3 (10,7%)
E (≤ 2SM) 25 (89,3%)
Escolaridade (anos de estudo) 7,64 (±4,55)
Estado Civil
Solteiro 4 (14,3%)
Casado/União estável 14 (50%)
Divorciada/Separada 4 (14,3%)
Viúva 6 (21,4%)
Dependentes§ 1 (0-2)
DP = Desvio Padrão; SM = Salário Mínimo; § = mediana (25%-75%);Aux = Auxiliar
Tabela 6 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 3(fadiga severa,
EVAfad ≥5,1) da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo.
Ocupação (n=29; 36,25%) Característica Média (DP), n (%) ou
Mediana (25-75%)
Analista Júnior (1; 3,4%)
Aposentada (3; 10,5%)
Atendente (1; 3,4%)
Aux. Admin (3; 10,5%)
Aux. Jardinagem (1; 3,4%)
Copeira (1; 3,4%)
Costureira (2; 7%)
Cozinheira (1; 3,4%)
Diarista (2; 7%)
Do lar (6; 20,8%)
Doméstica (1; 3,4%)
Pensionista (1; 3,4%)
Professora (1; 3,4%)
Idade 45,83 (±13,69)
Gênero
Masculino 3 (10,5%)
Feminino 26 (89,5%)
Grupo étnico
Branco 10 (34,5%)
Pardo 15 (51,7%)
Negro 4 (13,8%)
Classe Social – 2 (1 – 3)§
A (≥ 20SM) 0 (0%)
B (entre 10 e 20 SM) 1 (3,4%)
C (entre 4 e 10 SM) 2 (6,9%)
D (entre 2 e 4 SM) 7 (24,1%)
E (≤ 2SM) 19 (65,5%)
52
conclusão
Tabela 6 – Características demográficas dos pacientes do Grupo 3(fadiga severa,
EVAfad ≥5,1) da Coorte Brasília de AR avaliados no estudo.
Ocupação (n=29; 36,25%) Característica Média (DP), n (%) ou
Mediana (25-75%)
Recepcionista (1; 3,4%)
Serv. Gerais (1; 3,4%)
Serv. Público (1; 3,4%)
Téc. Enfermagem (1; 3,4%)
Téc. Laboratório (1; 3,4%)
Escolaridade (anos de estudo) 8,51 (±4,07)
Estado Civil
Solteiro 6 (20,7%)
Casado/União estável 15 (51,7%)
Divorciada/Separada 5 (17,2%)
Viúva 3 (10,4%)
Dependentes§ 1 (0-2)§
DP = Desvio Padrão; SM = Salário Mínimo; § = mediana (25%-75%);Aux = Auxiliar
5.2 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
A população
(PDF) UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIAS …prevalence of fatigue (VAS fatigue >2) was of 71.25%, with correlation with disability and age (negative correlation) in almost - DOKUMEN.TIPS (2023)
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